terça-feira, 18 de outubro de 2011

O CAMINHO DO SERVIÇO George Sidney Arundale

George  Sidney  Arundale
O CAMINHO DO SERVIÇO
(The Way of Service)
George  Sidney  Arundale   ( 1878 – Inglaterra / 1945 – Índia ) 3º Presidente Internacional da Sociedade Teosófica   ( 1934  –  1945 ) 

PREFÁCIO

Neste livreto se encontram algumas indicações sobre o melhor modo de servir: indicações que recolhi de meus superiores e da minha própria experiência. Tratei sempre de segui-las, às vezes com êxito, e noutras, sem nenhum. Mas sinto no fundo de minha alma que são verdadeiras; e agradeço por haver me permitido compartilhá-las com outros que, como eu, dedicam-se a servir.
G.S.A.

Se quiser que teu serviço seja útil a outros, sem prejuízo para ti mesmo, procura que lhe guiem em teu caminho três preceitos:

1  –  Que tua maior alegria seja trilhar o Caminho do Serviço.

2 –  Que te reconheça como agente de uma força mais poderosa que a tua, que ao penetrar em ti te infunde o poder de servir.

3  –  Que veja em outros a mesma Natureza Divina que habita em ti mesmo.
  
Tenha consciência de que tudo o que possa dizer ou pensar de outro é provável que tenha sido dito ou pensado de ti.

Quando sentir-se ofendido por qualquer motivo, recorda que o que ofende sempre sofre mais que a pessoa ofendida.

Procura fazer com que a força de seu afeto pelo outro não perturbe seu equilíbrio ou o dele. Seu serviço deve fortificá-lo e não debilitá-lo.

Não sinta inveja pela capacidade de auxiliar que outro tenha. Mas bem deve te alegrar de que tal poder exista para ajudar daqueles a quem o teu não alcança. Lembra-te de que ninguém pode servir realmente se não tiver chegado a adquirir o domínio de si mesmo.

Quando for em auxílio de alguém, procura te identificar com o ideal de quem recebeu o poder de servir. Deste modo realizará seu ideal e, ao mesmo tempo, sua ajuda será mais efetiva.

Não busque o fruto de seu serviço e não te entristeça se aquele a quem ajudaste não pronunciar sequer uma palavra de agradecimento. Sirva à alma e não ao corpo; e embora os lábios permaneçam mudos, sempre te será dado perceber a gratidão da alma.

Um dos atos de serviço mais raros consiste em abster-se de julgar a uma pessoa antes de havê-la ouvido.

Nunca reclame o afeto daqueles a quem ama. Se seu amor por eles é sincero, cedo ou tarde penetrará em seus corações, e a resposta não se tardará. E se ele for passageiro, é preferível que lhes evite a dor de saberem que seu amor se desvaneceu.

A melhor maneira de servir consiste em aliviar o fardo, não em suprimi-lo.

Ajudará melhor a outros se te restringires ao teu próprio ideal.  É pelo que têm de mais nobre em si mesmo que lhes pode servir melhor. Há tantas maneiras de servir quanto pessoas no mundo a quem ajudar.

Os que acreditam que não estão em situação de prestar serviço, esquecem freqüentemente a existência dos seres inferiores da criação, como as plantas e os animais.

Quanto menos pensar uma pessoa em si mesma, mais trabalhará realmente para seu próprio desenvolvimento. Cada pequeno ato de serviço transforma seu autor em um crescente poder para servir.

O mérito da jornada se mede pelo da ação que se cumpriu.

Se desejas que creiam em suas boas intenções, deve dar crédito às de outros.  Ninguém pode sentir-se insultado, a menos que se coloque à altura do insulto. Pois a ofensa só afeta à natureza inferior, e jamais pode alcançar a superior.

Se chegar a te acreditar melhor que outros pelo fato de que está aprendendo a servir, e porque te parece que eles não seguem o mesmo caminho, neste mesmo instante deixas de servir.

O verdadeiro serviço consiste em tornar os demais partícipes de nossa vida interior, não em nos colocar frente a deles, quer seja direta ou indiretamente, como exemplo que devam seguir.

Uma pessoa pode lhe pedir que a ajude de diversas maneiras.  Mas seu melhor auxílio será dar-lhe aquilo que necessita e não o que possa desejar.  E embora a forma aparente de seu serviço pareça desgostá-lo, trata, contudo, que seja aceito com agrado.

Não digas: “Hoje ajudei bastante”. Em troca, pensa se não podia ter feito mais, e sobre o pouco que em realidade tem feito para diminuir a grande miséria e sofrimento que existem no mundo.

Aquele que está disposto a consagrar-se ao serviço, deve preparar-se para abandonar tudo o que tem pela prioridade de servir.

A aptidão de alguém para o serviço só pode ser julgada pela maneira como se conduz na vida familiar diária; e não pelos livros que escreva, a reputação que goza, seus discursos ou atos públicos. As grandes ações, facilmente reconhecidas, não constituem a grandeza do homem, mas sim os pequenos atos cotidianos em que se esquece de si mesmo, e aos quais ninguém, em geral, dá atenção.

Quando tratar de ajudar a alguém, não te impaciente por suas debilidades. Estas são as que lhe permitem o privilégio de lhe servir; pois do contrário não teria necessidade de sua ajuda.

Assim como não há dor que não envolva a promessa de um gozo futuro, tampouco há fraqueza que não deva transformar-se algum dia em uma nobre qualidade.

Quando ajudar a outro, não esqueça que a energia que ele põe ao serviço de um defeito pode converter-se, graças a sua ajuda, em energia que utilizará para manifestar uma virtude. Não poderás trocar a energia em si; mas trata de trocar sua forma e direção.

A débil ajuda que pode prestar já, com seus recursos atuais, tem mais valor que o eficaz auxílio que imagina poderia emprestar se esses recursos fossem maiores.

Nosso dever é sempre o de ajudar aos demais, e raramente o de julgar seus atos.

Se desejas pôr a prova seu progresso espiritual, trata de preencher, mais do que antes, as oportunidades de servir.

O conhecimento do Eu interno se adquire pelo serviço do eu externo.

A maneira de pôr a prova o valor de seu serviço cotidiano com relação aos demais, consiste em observar se, diariamente você se sente mais tranqüilo, mais contente, mais feliz e tolerante.

O mundo reclama de cada um seu melhor esforço para o bem do serviço; mas jamais pretenda realizar também o dever que a outro corresponda. Quando tiver feito tudo o que pode, fizeste tudo o que deve.

Quando tiveres servido tão eficazmente quanto lhe foi possível e de todo coração, não te preocupes com os resultados; pois a força e pureza de seu serviço atraem sobre ti as bênçãos daqueles a quem serves.

Quanto mais rude for seu ambiente, maior será a necessidade de que o embeleze com atos de serviço.

Um serviço prestado com amor, mesmo que sem discernimento, não pode, definitivamente, fazer mal à pessoa a quem se trata de servir. O poder do amor protegerá a essa pessoa do dano que poderia causar a imprudência do que serve.

Idêntica à misericórdia, o serviço é duas vezes bendito: abençoa ao que dá e ao que recebe.

Adorar a Deus consiste em ser útil a seus mundos.

Todo serviço que com amor e desinteresse faça a outrem, é um anjo guardião que cria e coloca a seu lado para estimulá-lo e protegê-lo.  Quanto mais amor dedicares ao seu serviço, mais vida dotará ao anjo guardião; o qual, portanto, terá que protegê-lo e estimulá-lo durante um tempo mais prolongado.

O serviço no mundo físico é a ação; a simpatia, no mundo emocional, e a compreensão no mental. 


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